segunda-feira, 30 de maio de 2011

Modulador Celular


Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – O óxido nítrico (NO) produzido por diversas células do corpo humano pode ser um regulador endógeno das células T-helper do tipo 17 (Th17), de acordo com um novo estudo realizado por um grupo internacional com participação brasileira. Prevenindo a proliferação de células Th17, o NO tem potencialmente a capacidade de controlar uma doença autoimune.
O NO é uma molécula conhecida por seu envolvimento no controle de microrganismos patogênicos. As células T são glóbulos brancos envolvidos com a resposta imune contra tumores e agentes infecciosos. As células Th, embora não façam fagocitose, nem tenham atividade citotóxica, têm a tarefa de ativar e dirigir outras células de defesa do organismo.
O estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences. O trabalho teve participação de cientistas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) – ambas da Universidade de São Paulo (USP) –, da Universidade de Glasgow (Escócia) e da Universidade Aichi Gakuin, em Nagoya (Japão).
De acordo com uma das autoras brasileiras, Sandra Fukada, professora de farmacologia da FCFRP-USP, o estudo contou com experimentos in vitro e in vivo para mostrar que o NO pode ser um regulador endógeno capaz de prevenir a expansão das células Th17.
“Conseguimos demonstrar que o NO regula a diferenciação e expansão das células Th17. Isso é relevante porque essas células têm sido implicadas no desenvolvimento de diversas doenças autoimunes. Se conseguirmos controlá-las, poderíamos potencialmente modular essas doenças”, disse Fukada à Agência FAPESP.
A pesquisadora participou do estudo durante seu pós-doutorado na Universidade de Glasgow, feito entre 2008 e 2010. Fukada também realizou dois pós-doutorados na USP, entre 2006 e 2007, com Bolsa da FAPESP e entre 2004 e 2006, com bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em 2004 concluiu seu doutorado, também na USP, com Bolsa da FAPESP.
Segundo ela, a literatura internacional já mostrava que o NO é um mediador chave em diferentes funções biológicas. O grupo com o qual realizou o trabalho na Escócia havia publicado anteriormente que o NO, em baixas doses, potencializa a polarização de um outro subtipo de células T helper, as células Th1.
O grupo havia descrito também que o NO em altas doses era capaz de induzir um outro subtipo de células T com função imunossupressora – as células T reguladoras induzidas por NO (NO-Treg).